Versos de algum desejo solitário
Um homem,
Suas formas, seus suores,
Seus sabores, suas cores,
Seus cheiros, seus prazeres,
Suas dores, seus humores,
Seus sexos.
Um falo erguido
Como um pilar glorioso
Em meio a um templo de adoração
A algum deus que se nomeia
EU SOU!
Repele-
a-pele-
suja-malvada-egoísta-
que-nega-o-suor-que-ligará-
as-duas-peles-
encharcadas-de-querer-
sedento-desvairado.
Invente-se que você é alguém livre
De estar diante do Outro
E corre por teus campos de aventura e solidão
Revestidos do verde eufórico.
Um mimo deitar
No asfalto preto e desconfortável
Para apreciar a brisa fresca acompanhada das estrelas
Grudadas no asfalto preto do céu.
Vem, devora-me,
Sem pressa e demora,
Cospe-me teus gemidos,
Geme teus cuspidos brancos de furor erótico,
Coma-me o que te faz viril e santo!
As contas que você faz e derivas
São as contas que não fizeste do tempo eterno
Que poderias ter usado calculando
Nossa estatura deitados.
Casa-me com tuas mãos e teus pés,
Faça das pernas de touro
E dos braços fortes de urso nossos padrinhos,
Dá-me o sexo de buquê,
Que seja teu peito largo e estendido o nosso altar,
Nossas bocas abertas ao encontro uma da outra sejam nossa aliança.
A língua que colocas
Dentro dos lugares sujos
É a língua que bem diz em chulos insultos
O mastro que te ergue como uma bandeira vitoriosa.
O desejo é o presente
Que cada um recebe do acaso
E não deve se culpar por tal graça,
Mas pesando sobre si
A promessa de cumpri-lo.