Versos de algum desejo solitário

Alyson Prado
2 min readMay 15, 2015

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Um homem,
Suas formas, seus suores,
Seus sabores, suas cores,
Seus cheiros, seus prazeres,
Suas dores, seus humores,
Seus sexos.

Um falo erguido
Como um pilar glorioso
Em meio a um templo de adoração
A algum deus que se nomeia
EU SOU!

Repele-
a-pele-
suja-malvada-egoísta-
que-nega-o-suor-que-ligará-
as-duas-peles-
encharcadas-de-querer-
sedento-desvairado.

Invente-se que você é alguém livre
De estar diante do Outro
E corre por teus campos de aventura e solidão
Revestidos do verde eufórico.

Um mimo deitar
No asfalto preto e desconfortável
Para apreciar a brisa fresca acompanhada das estrelas
Grudadas no asfalto preto do céu.

Vem, devora-me,
Sem pressa e demora,
Cospe-me teus gemidos,
Geme teus cuspidos brancos de furor erótico,
Coma-me o que te faz viril e santo!

As contas que você faz e derivas
São as contas que não fizeste do tempo eterno
Que poderias ter usado calculando
Nossa estatura deitados.

Casa-me com tuas mãos e teus pés,
Faça das pernas de touro
E dos braços fortes de urso nossos padrinhos,
Dá-me o sexo de buquê,
Que seja teu peito largo e estendido o nosso altar,
Nossas bocas abertas ao encontro uma da outra sejam nossa aliança.

A língua que colocas
Dentro dos lugares sujos
É a língua que bem diz em chulos insultos
O mastro que te ergue como uma bandeira vitoriosa.

O desejo é o presente
Que cada um recebe do acaso
E não deve se culpar por tal graça,
Mas pesando sobre si
A promessa de cumpri-lo.

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Alyson Prado

Mineiro, psicólogo, geek e um pouco comovido. Aqui é pra elaboração, mas sem pressão, eu não sei de nada!